Configuração da identidade em jovens pertencentes a povos indígenas: uma metaetnografia.

Resumo

A abordagem interdisciplinar continua sendo um desafio para as políticas de saúde mental implementadas por meio de centros e programas de tratamento e reabilitação do uso de drogas no Chile e na América Latina. Este artigo analisa e discute a necessidade de incluir a perspectiva da antropologia sociocultural na operação de um programa de tratamento e reabilitação biopsicossocial para adolescentes que cumprem uma medida judicial ambulatorial na cidade de Temuco, Região Araucanía, Chile. O fundamento metodológico corresponde a uma autoetnografia analítica, um método de pesquisa qualitativa que cruza a posição do pesquisador com a sua posição de ator social. Essa intersecção se encontra na minha participação como antropóloga-pesquisadora e, ao mesmo tempo, como coordenadora do programa de tratamento. Os resultados projectam a inclusão da perspectiva sociocultural na dinâmica do Programa a partir da definição e operacionalização de uma noção de cultura e identidade cultural como dimensão da realidade transversal em três níveis de funcionamento: Abordagem da intervenção terapêutica; Dinâmica relacional-organizacional da equipe terapêutica e na articulação intersetorial com as demais equipes da rede. Para tal, baseia-se na formação da equipa de intervenção em competências interculturais. Conclui-se a relevância do método autoetnográfico para visualizar, de um ponto de vista situado, analítico e corporificado, as contribuições e potencialidades da inserção da perspectiva antropológica nas intervenções de tratamento em saúde mental.